No Rio de Janeiro, teve início a 1ª Cúpula Popular do Brics, um evento que visa integrar os movimentos sociais ao bloco formado por 11 países emergentes. O encontro, realizado no Armazém da Utopia, tem como objetivo principal articular a participação da sociedade civil na elaboração de propostas de cooperação para o Sul Global.
Durante a cúpula, estão sendo debatidos temas cruciais como cooperação econômica, multilateralismo, a construção da multipolaridade e a reconfiguração da geopolítica mundial. Os participantes também discutirão os desafios da governança global, o papel do Brics e a redução da dependência dos países emergentes em relação ao dólar americano em transações internacionais e na formação de reservas financeiras.
O Conselho Civil Popular do Brics foi criado em 2024, durante a cúpula em Kazan, na Rússia. A iniciativa visa promover o diálogo entre a sociedade civil e os governos dos países membros. Segundo a organização, o conselho representa um marco na consolidação da participação da sociedade organizada nas discussões do bloco, dando voz a movimentos populares, estudantes, professores e ONGs nas pautas estratégicas do agrupamento.
Este é o último grande evento realizado sob a presidência brasileira do Brics, antes de a Índia assumir a liderança no próximo ano. A ex-presidenta Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, destacou em vídeo a importância da cúpula para a participação da sociedade civil na construção da cooperação do Sul Global. Ela ressaltou que, pela primeira vez, os povos dos países do Brics têm um canal permanente de diálogo com os governos e as instâncias decisórias do bloco.
João Pedro Stedile, do MST e do Conselho Civil dos Brics no Brasil, informou que a cúpula vai formalizar o funcionamento permanente do conselho civil, apresentando um plano de ação para o novo mandato na Índia. Stedile enfatizou que os governos reconhecem a importância da mobilização da sociedade civil para resolver temas como a defesa da natureza e a construção de moradia popular.
Os países membros do Brics são líderes na produção de grãos, carnes, fertilizantes e fibras, representando cerca de 70% da produção agrícola global. Eles também concentram mais da metade da agricultura familiar do planeta, gerando aproximadamente 80% do valor da produção global de alimentos. Essa posição estratégica confere ao bloco uma responsabilidade na construção de sistemas alimentares sustentáveis e equitativos, pautas que o Conselho Popular do Brics busca integrar nas discussões.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
