Máscaras de Chico Mendes, a imagem do Cacique Raoni e um boitatá alegórico marcaram a Marcha Mundial pelo Clima, que tomou as ruas de Belém no último sábado. A manifestação expressou a diversidade cultural e social da população amazônica, com carros de som que alternavam discursos políticos com ritmos de carimbó e brega.
Organizada por membros da Cúpula dos Povos e da COP das Baixadas, a marcha contou com a participação de representantes de organizações de diversos continentes, povos tradicionais e comunidades do Pará. Segundo os organizadores, aproximadamente 70 mil pessoas participaram do evento, que partiu do Mercado de São Brás, no centro histórico, em direção à Aldeia Cabana, percorrendo cerca de 4,5 km sob um sol de 35°C.
A marcha busca alertar para a falta de decisões efetivas no combate à emergência climática, tema central da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).
Durante a marcha, Darcy Frigo, do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH), enfatizou a necessidade de proteger quem defende a floresta para garantir uma transição justa. Eduardo Giesen, da Global Campaign to Demand Climate Justice, denunciou falsas soluções para as mudanças climáticas e pediu o fim da exploração de petróleo na Amazônia e a proliferação de combustíveis fósseis.
As ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas) manifestaram apoio à marcha, participando do ato. Marina Silva ressaltou o caráter popular da COP realizada no Brasil, permitindo a participação de diversos setores da sociedade nas discussões.
O Arraial do Pavulagem, grupo que divulga a música popular paraense e amazônica, também marcou presença, destacando a importância das condições ambientais para as tradições culturais urbanas. Marciele Albuquerque, indígena Munduruku e ativista, defendeu a demarcação de terras dos povos tradicionais como política climática.
Uma cobra de 30 metros com a frase “Financiamento direto para quem cuida da floresta” chamou a atenção. A obra, criada por 16 artistas de Santarém, faz parte da campanha “A gente cobra”, que exige financiamento direto para as populações que vivem na Amazônia.
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) também participou, relacionando a questão social da moradia com os problemas climáticos. Rud Rafael, coordenador nacional do MTST, destacou a importância de se pensar a questão da moradia em conjunto com a questão ambiental, principalmente diante dos eventos climáticos extremos.
Kwami Kpondzo, representante da Global Forest Coalition, defendeu a união de movimentos populares para lidar com os problemas ambientais globais, posicionando-se contra o capitalismo e o colonialismo.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br