O mundo da música está de luto com a morte do cantor e compositor jamaicano Jimmy Cliff, aos 81 anos. Ícone do reggae, ator e ativista, Cliff deixa um legado que transcendeu fronteiras, inspirou gerações e encontrou no Brasil, especialmente no Maranhão, um forte laço afetivo e musical.
Artistas brasileiros lamentaram a perda, ressaltando a importância de Cliff para a música global e para a formação da identidade afrodiaspórica no país. Gilberto Gil relembrou a influência direta do jamaicano em sua obra e no desenvolvimento do reggae moderno. “Jimmy Cliff influenciou e seguirá influenciando minha música. Obrigado por tanto”, escreveu Gil, destacando Cliff como um dos pilares originais do gênero, antecedendo a explosão de Bob Marley.
Chico César expressou sua emoção ao recordar a relevância histórica e política do artista. “Hoje nós perdemos um mestre, um mestre da música afrodiaspórica, Jimmy Cliff”, disse César, mencionando que Cliff, junto com Peter Tosh e Bob Marley, liderou uma revolução musical que emanou da Jamaica e representou os sentimentos da diáspora africana nas Américas. Ele também mencionou encontros pessoais com Cliff em festivais, descrevendo-o como “uma criatura muito doce, muito educada, que amava o Brasil”.
No Maranhão, onde o reggae é parte fundamental da cultura local, a morte de Cliff teve um impacto ainda maior. O diretor do Museu do Reggae, Ademar Danilo, resumiu o sentimento local: “O dia amanheceu triste”. Ele explicou que o Maranhão foi um dos primeiros lugares fora da Jamaica a abraçar a música de Cliff, muito antes da popularidade de Bob Marley.
Segundo Danilo, o álbum “Follow My Mind” (1975) teve um impacto enorme no estado. “Foi um estouro aqui. De 1975 a hoje, são 50 anos, e até hoje várias músicas desse disco continuam sucesso em São Luís. Tocam e as pessoas correm para dançar.”
Ademar Danilo enfatizou que Cliff não apenas influenciou musicalmente o Maranhão, mas também contribuiu para a construção da identidade regueira da capital do estado. “Ele se sentiu verdadeiramente em casa aqui. Passou dias indo a clubes de reggae na periferia, deitando em redes, conversando, comendo manga colhida do pé. Foi ele o responsável por propagar o apelido de São Luís como ‘Jamaica brasileira’.”
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br