A falta de colaboração entre as forças de segurança brasileiras é um obstáculo crucial no combate ao narcotráfico e às facções criminosas. A avaliação é de um promotor de São Paulo, especialista na investigação do Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo ele, a ausência de coordenação, integração e cooperação entre as polícias e o Ministério Público (MP) dificulta o enfrentamento eficaz dessas organizações.
O promotor, que vive sob ameaça de morte do PCC, alertou que o Brasil corre o risco de se tornar um narcoestado caso medidas urgentes não sejam tomadas. Ele destacou a infiltração das facções na economia formal e o uso de fintechs, plataformas de apostas online e criptomoedas para lavagem de dinheiro.
Durante um depoimento em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, o promotor criticou a polarização política entre os governos, que, segundo ele, dificulta ainda mais a integração das forças de segurança. Ele citou como exemplo uma operação liderada pela Polícia Federal (PF) em São Paulo, que desmantelou esquemas de lavagem de dinheiro do PCC, ressaltando que a ação ocorreu mais por iniciativa dos servidores do que por uma coordenação estruturada entre as instituições.
O promotor defendeu a criação de uma Autoridade Nacional para combater o crime organizado, com a participação de representantes de todas as polícias e órgãos do Estado, como forma de garantir a continuidade das políticas de segurança. Ele acredita que essa medida superaria as divergências institucionais e disputas internas.
Além disso, ele expressou preocupação com o Projeto de Lei (PL) Antifacção, que tramita no Congresso, argumentando que a legislação não diferencia adequadamente as lideranças dos membros de menor escalão das organizações criminosas. Ele também alertou sobre a necessidade de regular o sistema financeiro, especialmente as fintechs, para evitar a lavagem de dinheiro. O promotor citou ainda o caso de empresas de ônibus em São Paulo, controladas pelo PCC, que faturavam milhões de reais da prefeitura por meio de contratos e subvenções.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br