O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a necessidade de um diálogo direto entre Brasil e Estados Unidos para combater crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A declaração ocorreu no mesmo dia em que a Receita Federal deflagrou uma megaoperação contra fraudes no setor de combustíveis.
Segundo Haddad, criminosos estariam utilizando o estado de Delaware, nos EUA, como um paraíso fiscal para enviar ilegalmente dinheiro do Brasil, sem a devida declaração, e posteriormente trazê-lo de volta ao país sob a forma de investimentos. Ele e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já discutiram a urgência dessa articulação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Haddad informou que a Polícia Federal atuará na recuperação de ativos no exterior, com o apoio da Interpol. Ele também mencionou uma representação feita ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, contendo informações detalhadas sobre a movimentação financeira e o esquema criminoso, para que a justiça dê andamento aos processos.
A Operação Poço de Lobato, deflagrada em cinco estados, visa desarticular um esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis. Mandados foram cumpridos na Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Essa operação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto.
A Receita Federal identificou 17 fundos ligados ao grupo investigado, totalizando um patrimônio líquido de R$ 8 bilhões. Em sua maioria, são fundos fechados com um único cotista, o que dificulta o rastreamento dos recursos.
Haddad reforçou o apelo ao Congresso para que seja concluída a votação do projeto de lei sobre o devedor contumaz, que visa punir o contribuinte que sonega impostos de forma deliberada e recorrente. O projeto já foi aprovado no Senado e aguarda análise na Câmara dos Deputados. Segundo o ministro, a lei é equilibrada e protege a maioria dos contribuintes honestos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br