A menos de três meses da entrada em vigor das primeiras obrigações da reforma tributária, um estudo revela que a maioria das empresas brasileiras ainda não está preparada para as mudanças. A pesquisa, realizada com 355 companhias de médio e grande porte dos setores de varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia, aponta que 72% delas não adaptaram seus processos internos às novas regras tributárias.
A primeira fase da transição para o novo sistema está prevista para começar em 1º de janeiro.
O levantamento, conduzido por uma empresa de tecnologia, indica que 33,2% das empresas sequer iniciaram discussões internas sobre os impactos da reforma, enquanto 38,6% estão em fase de levantamento preliminar. Apenas 28,1% afirmam possuir um plano estruturado de adaptação. A maioria das empresas participantes da pesquisa (68,2%) está localizada na Região Sudeste.
Aprovada em 2023, a reforma tributária visa unificar tributos sobre consumo, criando o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), em substituição a tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS.
A implementação das mudanças será gradual, começando em janeiro de 2026 com alíquotas de teste para CBS e IBS. A extinção do PIS/Cofins e a elevação da CBS estão previstas para 2027, e o processo completo de implementação se estenderá até 2033.
O estudo aponta que as principais dificuldades estão relacionadas ao recebimento e à conferência de notas fiscais, que terão cerca de 200 novos campos. Empresas que não se adaptarem podem enfrentar bloqueios de faturamento e dificuldades para pagar fornecedores, impactando o fluxo de caixa.
O relatório destaca que muitas empresas estão focadas na emissão das novas notas fiscais, mas negligenciam o processo de ingresso fiscal, ou seja, a forma como recebem, conferem e pagam as notas fiscais de seus fornecedores.
Outro ponto de atenção é a adoção das duplicatas escriturais, registro eletrônico que comprova operações comerciais. A pesquisa revela que 32,7% das empresas ainda não iniciaram a adaptação a esse processo.
O estudo mostra que 47,9% das empresas operam com processos fiscais parcialmente estruturados, com pouca automação, e 13,1% ainda dependem de controles manuais. Apenas 38,9% afirmam ter sistemas integrados de gestão fiscal e conciliação eletrônica de notas.
Adicionalmente, 67% das empresas não utilizam ferramentas para validação automática de documentos fiscais, aumentando o risco de atrasos e inconsistências. A pesquisa também indica que muitas empresas não incluíram a adequação à reforma tributária nos orçamentos de 2025.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br