Enquanto o Brasil se prepara para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, dados revelam uma disparidade marcante na arborização urbana. Um levantamento recente aponta que 64,6% dos moradores de favelas residem em trechos de vias públicas desprovidas de árvores.

A pesquisa destaca uma desigualdade territorial significativa, contrastando com áreas fora das favelas, onde a proporção de moradores em ruas sem árvores diminui para 31%.

Os dados foram coletados durante um amplo estudo que investigou as características urbanísticas do entorno dos domicílios. Em 2022, constatou-se que 16,4 milhões de pessoas viviam em 12.348 favelas no país. Desse total, 10,4 milhões residem em vias sem qualquer sinal de arborização.

A análise considerou apenas árvores com altura mínima de 1,70 metro localizadas em vias públicas, excluindo a vegetação presente em áreas privadas. A pesquisa abrangeu becos, vielas, escadarias e outras formas de acesso, restringindo as comparações à população dos municípios com registro de favelas.

Em cidades como Belém, que sediará o evento climático, 65,2% dos moradores de favelas enfrentam a ausência de árvores em frente às suas casas, superando a média nacional.

A falta de infraestrutura também é evidente na presença de bueiros para escoamento de água da chuva. Apenas 45,4% dos moradores de favelas têm acesso a bueiros nas proximidades de suas residências, em comparação com 61,8% em áreas fora das favelas.

O levantamento revela ainda que a proporção de moradores com árvores próximas às suas casas tende a diminuir em comunidades mais populosas. Nas favelas com até 250 habitantes, 45,9% dos moradores desfrutam da presença de árvores, enquanto nas comunidades com mais de 10 mil habitantes, essa taxa cai para 31,8%.

Entre as maiores favelas do país, Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, apresenta a situação mais crítica, com apenas 3,5% dos moradores tendo árvores próximas. Em contraste, Sol Nascente, em Brasília, registra um índice de 70,7% de moradores com arborização em suas ruas.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br