A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado deu início aos seus trabalhos com a aprovação do plano de trabalho do relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE). O plano estabelece nove diretrizes que guiarão as investigações do colegiado.
Um dos principais focos da CPI será a infiltração do crime organizado em mercados legais no Brasil. O relator enfatizou a necessidade de investigar a atuação de diversos atores, como contadores e advogados, e a criação de empresas de fachada para a lavagem de dinheiro. Ele alertou sobre a crescente sofisticação das facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que adotam uma “roupagem empresarial”, exigindo mecanismos de controle e fiscalização mais rigorosos.
Vieira, ex-delegado de polícia, argumenta que as ações de prevenção e repressão atuais não são suficientes para conter o avanço de facções e milícias. Ele se comprometeu a apresentar um diagnóstico completo da criminalidade organizada no país, buscando evitar debates influenciados por questões partidárias.
O plano de trabalho da CPI abordará diversas áreas, incluindo a ocupação territorial por grupos criminosos, a lavagem de dinheiro por meio de fintechs, criptomoedas e setores econômicos lícitos como combustíveis, garimpo e mercado imobiliário. Também serão investigados o sistema prisional, a corrupção em diferentes esferas, as rotas de transporte de mercadorias ilícitas, os crimes praticados pelas facções (tráfico, contrabando, extorsão, entre outros), a integração entre órgãos de segurança e Forças Armadas, e as experiências bem-sucedidas no combate ao crime organizado. A questão orçamentária também será analisada, considerando os custos da segurança pública e defesa.
A CPI, presidida pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), é composta por 11 senadores titulares e sete suplentes. Eles terão 120 dias para investigar a atuação, expansão e funcionamento de facções e milícias no Brasil. O objetivo é identificar o modus operandi das organizações criminosas, suas condições de instalação e desenvolvimento em cada região, e suas estruturas de tomada de decisão, visando aprimorar a legislação para o combate ao crime organizado.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br