Belém se torna, a partir desta segunda-feira, o centro das atenções globais ao sediar a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O evento, que se estende até 21 de novembro, coloca a capital paraense no epicentro das negociações sobre mitigação, adaptação e os investimentos necessários para enfrentar as mudanças climáticas.
Realizada pela primeira vez na Amazônia, a COP30 busca impulsionar a agenda climática internacional, reunindo delegações de 194 países e da União Europeia. A cidade espera receber mais de 50 mil visitantes, incluindo negociadores, observadores, cientistas, representantes governamentais, organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
A Cúpula do Clima, realizada em Belém nos dias que antecederam a COP, reuniu chefes de Estado e representantes de alto nível de cerca de 70 países. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou engajar as nações em ações para conter o aumento da temperatura global em 1,5ºC.
Um dos principais pontos de discussão é o fim do uso de combustíveis fósseis, que representam 75% das emissões de gases do efeito estufa. Márcio Astrini, do Observatório do Clima, enfatiza a importância de um roteiro para a transição energética, com definição de prazos, esforços e financiamento.
Até o momento, menos de 80 países atualizaram suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), metas de mitigação implementadas desde o Acordo de Paris. As NDCs publicadas representam 64% das emissões globais, e países como Índia ainda não apresentaram suas metas.
O presidente-designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, convoca os países a fazer de Belém o início de um novo ciclo de ação climática. As negociações da conferência devem se concentrar em adaptação climática, transição justa e a implementação do Balanço Global do Acordo de Paris.
A adaptação climática aborda a preparação de cidades e territórios para eventos extremos, enquanto a transição justa visa criar políticas para trabalhadores impactados pela transição para economias de baixo carbono.
A questão do financiamento é central, com o objetivo de viabilizar US$ 1,3 trilhão por ano em financiamento climático. Um plano estratégico, o “Mapa do Caminho de Baku a Belém”, busca concretizar esses recursos. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), lançado durante a Cúpula do Clima, conta com aportes prometidos de mais de US$ 5,5 bilhões para a proteção de florestas tropicais.
A COP30 contará com ampla participação da sociedade civil, com atividades na Zona Verde, de acesso gratuito, e na Cúpula dos Povos, organizada por movimentos sociais. A expectativa é que a conferência receba a maior mobilização indígena da história.
Dinamam Tuxá, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), defende que acordos firmados sejam cumpridos e que povos indígenas e comunidades tradicionais participem das negociações em igualdade.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br