A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União realizaram uma nova fase da Operação Sem Desconto, que, segundo o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), atingiu figuras centrais em um esquema criminoso que lesou milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. O esquema permitia o desconto ilegal de mensalidades associativas.
“Hoje, a operação colocou na cadeia o núcleo principal de todos os desvios do INSS”, declarou o senador Carlos Viana, presidente da CPMI, referindo-se ao grupo que explorou as aposentadorias brasileiras. A declaração foi feita antes do início da reunião da comissão, que teve o depoimento do advogado Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis. Investigações apontam que o escritório de Eric Fidelis recebeu aproximadamente R$ 5,1 milhões de dirigentes de entidades investigadas na Operação Sem Desconto.
Um dos principais desdobramentos da operação foi a prisão do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Stefanutto, procurador federal de carreira, havia assumido a presidência da autarquia em julho de 2023, sendo indicado pelo então ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele já havia sido afastado do cargo por decisão judicial e posteriormente exonerado após a primeira fase da Operação Sem Desconto.
A operação também teve como alvo o ex-ministro do Trabalho e Previdência Social do governo Bolsonaro, José Carlos Oliveira, o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG) e o deputado estadual Edson Cunha de Araújo (PSS-MA). Pettersen é investigado por supostamente ter vendido um avião a uma das entidades associativas sob investigação, enquanto Araújo é vice-presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA).
O presidente da CPMI informou que outros parlamentares estão sendo investigados por suspeita de envolvimento na fraude. Segundo Viana, os responsáveis pelo esquema se dividiam em três níveis: políticos que recebiam pagamentos para facilitar a ação de servidores corruptos, servidores públicos que mantinham os desvios em diferentes gestões governamentais, e operadores que realizavam os saques e desvio do dinheiro. A maioria deste último grupo foi presa nesta fase da operação. O foco agora é identificar quem ajudou a manter o esquema funcionando e quais políticos se beneficiaram.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br