Em sabatina no Senado, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, defendeu sua atuação no processo da trama golpista, que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
“Não há criminalização da política em si. Sobretudo, a tinta que imprime as peças produzidas pela Procuradoria-Geral da República não tem as cores das bandeiras partidárias”, afirmou Gonet, rebatendo críticas de senadores ligados ao ex-presidente, que classificam o julgamento como “perseguição política”.
O procurador-geral destacou o uso de acordos de não persecução penal para os acusados que reconheceram o erro e se comprometeram com medidas de reparação, mantendo o status de réu primário. Até 23 de outubro, 568 investigados se beneficiaram dos acordos, enquanto 715 foram condenados e houve 12 absolvições, a maior parte a pedido do Ministério Público Federal.
Segundo Gonet, 606 processos permanecem em andamento, representando 32,3% do total. Ele também afirmou que suas manifestações se restringiram aos autos do processo, evitando vazamentos e comentários públicos. “O respeito ao sigilo judicial foi sempre obedecido de modo absoluto”, acrescentou.
Gonet também destacou sua atuação no caso do escândalo dos desvios no INSS, no acordo sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, e no combate ao crime organizado.
Durante a sabatina, senadores aliados do ex-presidente criticaram a atuação do PGR no caso da trama golpista julgada no Supremo Tribunal Federal (STF), que reconheceu a culpa dos acusados por tentarem convencer comandantes militares a aderirem a um plano para anular as eleições e impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador Flávio Bolsonaro acusou Gonet de “esculhambar” o Ministério Público e de perseguir seu irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro, por denunciar abusos do ministro Alexandre de Moraes nos Estados Unidos. Em resposta, Gonet reafirmou que nunca foi movido por questões partidárias em suas decisões. Ele também mencionou o apoio da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) à sua recondução ao cargo, o que também foi criticado pelo senador Flávio Bolsonaro.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br